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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

MORFEU


A semana foi conturbada. Era sexta feira, cheguei em casa e me deparei com o meu marido, mais uma vez jogado no sofá, ele tinha revirado a casa atrás do tal homem que julgara ser meu amante. No começo do casamento sempre brigávamos, tudo era motivo de ciúmes. O trabalho consumia a maior parte do tempo dele, mas não trabalhara como antes, passara o dia a me ligar para saber por onde e com quem eu estava. Ele sempre me deu tudo, porém jamais permitira que eu tivesse amigos. E nos últimos anos, eu chegava do trabalho e ele estava a procurar o amante imaginário que criara para mim. Estava farta de tanta possessão, naquele momento precisava fugir, fui à praia; a lua parecia conversar comigo e o vento.. ah, o vento...ele como de costume só me tocava, me acalmava, a forma como levara os meus cabelos, levara também os meus problemas.

Estava tarde e não era mais aquela garota que ia para lá trocar beijos e carícias sobe a luz do luar. Já não era mais eu, a garota idealista que lutava pela sua liberdade. E numa precipitação,pulou as fases da vida achando que casamento era como brincar de casinha. E o homem que jurou amor eterno, estava em casa, comendo, e em mais um de seus delírios me culpava pela falta de amor.

Eu apenas olhava, olhava a lua, que naquele céu tão escuro, tenebroso, onde só uma estrela brilhava, mas brilhava pouco, se mostrava minha conselheira, mas também me trazia à memória lembranças de um passado lindo e utópico, lembranças de uma garota que achava ter encontrado a felicidade eterna. E que aquele homem, gentil, são e compreensivo, se tornara num homem o qual se perde em seus próprios delírios e se quer enxerga que tenho um coração.

E, quando eu menos esperava, senti uma mão fria em meu ombro, e na outra notei que segurava um radio; um suspiro cansado. Aquelas mãos, o radio que não largava, eu sabia que era ele. Não fiz ação alguma. Ele beijou minhas costas, comprimi meus olhos. Já não sabia mais o que fazer, meus olhos lacrimava de tanta dor. Continuei em estado de inércia. A forma sutil como beijava recordava-me quando nós nos conhecemos, naquele mesmo lugar, com o mesmo vento singelo e avassalador. Eu senti por um momento que o homem por quem me apaixonei ainda existia. Quando devagar, notei que sua mão queria virar meu corpo para ficar em frente ao seu. Naquele momento passou milhares de coisas em minha mente, dentre elas, o filme da nossa vida. Ele me virou, me olhou com seus olhos taciturnos. E, numa súplica, aproximou-se de meus lábios descorados e trêmulos e me beijou aflito e sem pudor. Naquela noite, sob os olhos da lua, nos amamos como eternos apaixonados.

Meu marido ficou na praia e eu voltei pra casa pensativa, mas feliz. Descalça na rua. Todos que passara por mim, me olhara com anojo. Cheguei, abri a porta, inesperadamente a sala estava primorosa. Fui para o meu quarto dormir, sabia que ele não voltara mais aquele dia, acordei, e ao meu lado apenas seu radio.

Escrito em agosto de 2009,

Rayssa Marinho


3 comentários:

  1. Lembro ter lido esse texto quando fazíamos inglês =D
    beeijO

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  2. A beleza de um coisa que nem viveste!
    Isso é grande!
    belo texto, um doce para meus olhos. Obrigado!

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  3. Acho que não preciso falar sobre o meu remedio pra dormir né?! ^^ É lindo, com a saudade,a tristesa... Obrigada!
    Sula

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