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segunda-feira, 18 de junho de 2012

O que se procura


Amar um ou os estados do amor é bem diferente de amar alguém.  Amar o fato, o ato , a forma do amor não te faz um dia ser um só corpo, uma só alma. Apenas te regozija de felicidade até aparecer outro que te satisfaça, que tenha aquilo que você procura naquele momento.
As pessoas querem ser felizes no amor, mas não em amar. As pessoas sentem-se felizes por estarem amando. O que estão amando? O amor, a condição de amar ou a pessoa na qual divide o momento? 
Não se escolhe a pessoa pelo tipo de amor que se quer ter, sequer temos a possibilidade de escolher. O que por vezes, caro leito, sinto que é onde fica a magia, mas das outras vezes me sinto impotente ao não poder amar quem o tenho amor, mas a quem deve amar não é a cabeça quem escolhe, deve-se amar aquele que se faz em todos os momentos razão da continuidade do estar junto. 
Humanos são suscetíveis a mudanças , erros e besteirices, muitos por si só, muitos na intenção do bem. Pensar que estar a fazer o bem, não é fazê-lo propriamente dizendo.  Até onde vai o egoísmo humano? Ficar e satisfazer um desejo.  Isso é a coisificação do sujeito. 
Estejamos atentos a aquilo que chamamos de amor, de amar.
O amor também faz doer. E aí quando sentimos nosso coração comprimido como naquelas garrafas, nas quais mandavam mensagens dentro, e levadas por esse mar cheio de correntezas que pensamos ser o amor, nos resta pedir que a nau que é a vida atraque no porto certo. Do contrario, seremos mais uma garrafa a ser procurada, mais uma garrafa sentindo-se abandonada.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Cartas de um coração

Tudo bem que és sempre minha companheira, que até gosto de ti, mas Solidão, deixa-me em paz! Deixa-me ao menos respirar o puro ar. Permita-me conhecer o novo, o velho ou o que eu quiser! Não suporto mais essa tua possessão. Esse teu ciúmes! Esqueça-me! Sempre tem alguém a tua espera, vai...foge daqui! Corre, corre, querida! Prometo, não faço qualquer que seja o murmúrio. Ah, Solidão....Me permita ser feliz. Além do mais nunca vens só! A dor é teu capataz, aah infeliz!

12 de maio de 69
Obrigada, querida! Podes voltar. Tenho saudades das nossas noites, regadas vinho e ao vibrar das cordas do violão. Melhor impossível!
Te espero em breve...
12 de Agosto de 69
Solidão,

Viestes dentro do amor, não foi? Choro com sorrisos tristes, envoltos dum simulacro. Penso que se estás comigo nunca estarei só. Mas e esse vazio que me consome? Como fazer com tanto espaço em branco..?
Você nunca me responde! Te sinto, mas temo te perder. Quero amar alguém ou até mesmo você. Poderias me dar o endereço da felicidade?
12 de novembro de 69
Coração, 

Continuarás a sentir-te só se comigo insistires em viver! Não vees que a cachaça não te basta? Que o som do violão não é a unica coisa que te toca? Aah coração, fechasse as portas para o amor! Foste enganado pela paixão. Ela tem lá os seus feitiços. Mas se queres o novo, saibas então que posso quem sabe voltar. Junto com a dor, minha companheira de bar.  Mas haja com prudencia! Você é inteligente, rapaz! Seja o que for, mas continue a ser a mais pura essência do que se tem de melhor.
Com amor,
Tua companheira muda


domingo, 18 de dezembro de 2011

Uma louca ventania

Foi bom enquanto estivestes aqui. Pude saborear-te bem. Vieste forte, pra me acabar. E não  tentei fugir.  Como cachaça curtida, tomei teu porre e senti toda a ressaca do dia seguinte.  Vivi semanas como se o sol não nascesse, como se a lua não aparecesse pra iluminar meu céu. Céu sem estrelas, nuvens. Escuro. Sem nada. Sequei taças de vinho e as preenchi do sangue que escorria pelos meus olhos. Senti todo o amargor e o travor que és. Mas hoje, Dor, ainda que seja chegada a hora, ainda que tenha sido bom, mesmo que doloroso. Amei sofrer junto contigo, melhor, amei a dor que me proporcionastes. Não sei se te quero ver tão cedo, mas hoje o sorriso veio como ventania sem que eu conseguisse impedir. Varreu você daqui e agora te mando esse e-mail pra dizer que estou bem. Estou a sorrir e a curtir a vida como antes de apareceres  e me abraçares. Hoje posso sentir a doçura  e o prazer que tem o beijo da felicidade.


sábado, 22 de outubro de 2011

Um a menos

Vejo olhos mais maduros dentro de mim. E fora percebo vocês assim trêmulos, assim... frágeis. Num simulacro quase que feliz, mas de exalar tanta verdade, exalam também o temor do desamor; que por hora mostra-se num impasse, na duvida do porvir. Com medo do que foi. Se posso à alguém aconselhar digo-vos então com sinceras palavras que o amor não se vai quando a pessoa na teoria deveria desenlaçar todo laço que se fez, todo apreço adquirido. O amor permanece e pra sempre permanecerá, mas de maneira diferente. Vejo-vos hoje e sinto porém, um desejo da fala, um desejo de priorizar o silencio num abraço, mas um abraço não como aquele, medroso, que se fez vulto. Mas silenciar o silêncio e deixar... Deixar que o medo do passado padeça.


Já deixei aí todo o colorido, as fitas e os narizes de palhaço, a tinta ainda está fresca. Continuem a pintar! Riam e usem também as bolas, tecidos, todos meus malabares . O figurino também. Já me despi dessa cena e saí sem que ninguém me pudesse ver.

domingo, 2 de outubro de 2011

Sem . final

E esse aperto cá dentro do peito?

E essa coisa dorida mal poetizada?

E toda essa pontuação?
Interrogação...reticencias, vírgulas, vírgulas...
Que dificuldade de escrever um ponto final!

domingo, 12 de junho de 2011

...


A saudade que me traz aqui é da mais comum possível, mas com um quê muito mais profundo. Ora em mim, vejo a certeza de que o tempo vai me curar; ora  em mim, me vejo aflita, perdida na espera dessa cura que o tempo não trouxe, perdida na fraqueza do meu ser.
Estou cercada dos personagens dessa cultura que desconheço, dessa pessoa que tomou pra si meu chão. Atordoada dessas imagens, fecho meus olhos... e incontrolavelmente,  meu amor se dissolve em lágrimas. Lágrimas cor de sangue. Sangue que se extravia para os olhos.
E o meu querer, sabes bem qual é.  Penso e padeço.  Ah, Esse tempo que me passa não cura, mata.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Ela era seca

O príncipe foi coroado antes mesmo de receber a coroa. E pior! Fugiu da corte sem saber da coroação.  E a princesa, pobre plebéia, que estava toda feliz sentiu-se como nas poesias de Vinícius “ Fez-se de triste o que se fez contente e de sozinho o que se fez amante”.  Sentia seu coração comprimido, bem pequenininho, sem saber  por onde andava o príncipe.
 Oh, Deus! Pobre princesa  que depositou nele todo seu amor.
Sempre foi puramente sentimento e depois de toda a busca o príncipe foi achado em outras ilhas vivendo uma vida de rei com uma outra rainha.
Desse dia em diante a princesa não deixou de viver, mas passou a ter um olhar duro, com muita exatidão, sem meias delongas ou qualquer paixão. Dedicou toda sua vida aos miseráveis e costumava dizer que eles sim precisavam de seu amor! E ainda dizem por aí que ela era seca...